CONTATOS

Graças a Deus a minha felicidade não depende da tristeza alheia. Não preciso destruir a vida de ninguém para construir a minha.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Três poemas inéditos do Santiaguense Julio Garcia

Estou reproduzindo abaixo, três poemas inéditos de Julio Garcia. Ele que é santiaguense, articulista e advogado, hoje reside em Porto Alegre, onde dedica-se ao seu trabalho. Os dois primeiros poemas estão na páginas do Jornal Correio Regional de quarta-feira. Confira.
..............
O trovador do povo
Eu conheci o trovador do povo
e o tinha como amigo
& companheiro
...
Adão
mescla de menino e de homem feito
mãos calejadas no cabo da enxada
mãos amigas sempre dispostas à servir o outro
olhos azuis cintilantes ternos curiosos
& questionadores
guerreiro da palavra nos versos e nos gestos
gaiteiro & estudioso formado na universidade dos combates
& da vida
da luta permanente dos pobres dignos e resolutos
solidário e consequente sonhador de manhãs radiosas
para todos
defensor de um outro mundo possível
e necessáriosem exclusões e sem males
Um grande lutador não morre nunca
corajoso líder resoluto
incansável tribuno da plebe humilde
teu legado para sempre permaneceem teu exemplo fecundo
...
Eu conheci e convivi com Adão Pretto
-o trovador do povo-
nas campanhas, no dia-a-dia dos oprimidos
nas lutas difíceis mas necessárias do povo humilde
& digno
e o tinha como companheiro
como comparsa & como amigo
***
Cenas de junho
'Amanhã, vai ser outro dia...' (Chico Buarque)
Em frente ao Palácio
estudantes protestam na tarde gelada
a polícia de 'choque' defende o poder
(questionado)
nas alcovas sombrias
a continuidade dos desmandos é tramada
e o saque voraz das coisas do povo
-continuado
sem pejo
sem controle e sem dó
alongando a indecência
que agride as consciência
se que mantém incólume a injustiça
e instiga a revolta
..........
Na tarde invernal
bandeiras vermelhas tremulam ao vento
na praça do povo
que grita de fome
de raiva
& de dor
preparando a desforra
que virá... que virá...
que virá...
***
Intervalo
É noite. A fila avoluma-se frente ao balcão do bar-lanches
O cheiro de frituras & a jukebox
impregnando tudo
tomando conta do ambiente
& as bocas voluptuosas triturando sanduiches
segredos
& o xis-salada
cafés pastéis refris cervejas
'ficadas'
provas política futebol
risos em profusão
'baladas'
& belas e estonteantes curvas insinuantes & sem maldade
ped indo fogo com a douçura
do anjo
E eu, voyer alienígena exótico
em minha mesa solitária comtemplando
a agitada cena estudantil
.....
Então
cabeça nas estrelas
nas estradas
& nas alcovas
bebo um gole de tinto & degusto
antigas & cálidas
recordações
(É noite...)

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