Zoraida Lima nasceu em Rio Pardo há 85 anos atrás. Filha do casal
Anápio e Estela, morena de cintilantes olhos azuis, filha do meio na
numerosa família dos Lima. Zoca não ficou conhecida por nenhum destes
atributos. Ela se tornou uma personalidade respeitada e admirada graças
ao marido, ninguém menos do que Vitor Mateus Teixeira.
Dona Zoraida e Teixeirinha se conheceram em Santa Cruz, no verão de
1956. Ele ainda era um artista amador, animava bailes pelo interior e
pouco tinha a oferecer. Ela também não era de família rica. Levado à
casa dos Lima por um dos filhos da família, o ainda desconhecido Vitor
Mateus Teixeira acabou se encantando por Zoraida. Noivaram e, em 21 de
setembro de 1957, casaram-se em Santa Cruz do Sul, numa bonita festa na
principal e mais famosa igreja da cidade.
De Santa Cruz, o casal foi residir em Soledade e, depois, em Passo
Fundo. Dona Zoraida teve de se acostumar à vida mambembe do marido, mas
só por pouco tempo. Em 3 de outubro de 1958 nasceu a primeira filha do
casal, Nancy Margarethe. Em seguida, veio Gessy Elisabethe. Zoraida
conta que seu sonho era ter um menino e, para que isso acontecesse,
tentou várias vezes. Acabou tendo quatro meninas, as quais – relata –
sempre foram o xodó do pai. O menino não veio.
Em 1959, Zoraida viu o marido partir para a mais ambiciosa de suas
excursões. Teixeirinha passou 21 dias em São Paulo, na tentativa de
realizar seu maior sonho: transformar-se em um cantor de sucesso. Quando
voltou a Passo Fundo, com o primeiro compacto gravado, nenhum dos dois
poderia supor o que viria depois.
A história, no entanto, nós já conhecemos. Depois de algumas gravações de pouco sucesso, Teixeirinha estoura com Coração de luto (1960)
e sai pelo Brasil, cantando e faturando. A família vai morar em Porto
Alegre, de onde Zoraida não sairia mais (a não ser em passeios ou nos
verões, quando os Teixeira se transferiam para Capão da Canoa).
Foram mais de duas décadas de união. Dona Zoraida conheceu
praticamente todas as pessoas que fizeram parte da rede social de
Teixeirinha. Eu me arriscaria a dizer, inclusive, que ninguém sabe mais
sobre o homem e o artista do que ela. Uma conversa com dona Zoca é de
encher os olhos! São causos, comentários, histórias do cotidiano de uma
senhora cujo ânimo contagia. Volta e meia e ela sai com uma tirada
engraçada, com uma risada, um comentário sobre a boa fase do tricolor
gaúcho (sim, ela é gremista até os dentes!) Para que se tenha uma idéia,
basta dizer que dona Zoraida foi a primeira pessoa a ouvir Coração de luto, minutos depois que Teixeirinha a compôs!
FONTE: Rádio Urapuiru - Passo Fundo/RS.
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